O que é mesmo a poesia? - Susana Zilli de Mello
Quando em outras épocas, apenas líamos versos e encantávamos frente aos poemas de autores diversos, sabíamos por sentimento, por um prazer que nos traziam as palavras, pelo “arrepio” que mesmo sem muito entendimento nos transpassava a alma. Sabíamos por nada saber. Intuíamos, formávamos nosso próprio conceito, às vezes inconscientemente. Depois, quando começamos a escrever e a mostrarmos, darmos luz e escancararmos nossos próprios poemas, começaram nossas dúvidas, nossas perguntas e nossas leituras e busca por respostas. Mas “o que é mesmo a poesia”? Temos muito a procurar e a refletir. Nunca daremos as costas à tenacidade da leitura e do estudo. Porém, preferimos pensar a poesia como uma pequena cascata, limpa, cristalina. Onde estará a poesia nesse nicho da natureza? Estará entre as pedras? No perfume do verde que circunda o riacho? No trajeto que faz a água com as suas idas e voltas, ou quem sabe no barulho sonante das águas contra os seixos? Uma cascata poderá ser apenas uma cascata, mas o nosso olhar ao seu redor é que fará a diferença.
Portanto, nós concluímos que há caminhos para se fazer, há gostos para se gostar, olhos, mãos, coração para sentir...os poetas comungam palavras, corrompem palavras, enxugam palavras, para melhor coloca-las nos poemas; se conseguem fazer brotar o som das cascatas, a nesga do luar, a curva do rio, terão feito o respirar do poema, dado à luz para a mais pura poesia. Será de fato obra da mais simples, porém, creiam, foi necessário muito fogo, ação, dor e, sobretudo, um olhar amoroso dotado de uma certa loucura; uma certa falta de sentido com muito sentimento; um alumbramento em cima de velhos guarda-roupas; sobre novos viadutos, pelas crianças ensolaradas e nas que estão nas sombras.
É preciso, para saber o que é poesia, pular muros, desligar madrugadas e, às 10 horas da manhã, não dizer nada ao sol, enfileirar as contas do dia no fio invisível da ternura. Poesia é isso: - estalos do papel frente a nossa caneta, lúdicos, contraditórios artistas de um circo imaginário. Acrescente depois um leitor sensível, um leitor distraído, um leitor esquecido que deixa o poema e se vai, contaminado de poesia, perguntando (ainda): O que é mesmo a poesia?
Fonte: Jornal Literário Letras Santiaguenses
Autora: Haydée S. Hostin Lima
Portanto, nós concluímos que há caminhos para se fazer, há gostos para se gostar, olhos, mãos, coração para sentir...os poetas comungam palavras, corrompem palavras, enxugam palavras, para melhor coloca-las nos poemas; se conseguem fazer brotar o som das cascatas, a nesga do luar, a curva do rio, terão feito o respirar do poema, dado à luz para a mais pura poesia. Será de fato obra da mais simples, porém, creiam, foi necessário muito fogo, ação, dor e, sobretudo, um olhar amoroso dotado de uma certa loucura; uma certa falta de sentido com muito sentimento; um alumbramento em cima de velhos guarda-roupas; sobre novos viadutos, pelas crianças ensolaradas e nas que estão nas sombras.
É preciso, para saber o que é poesia, pular muros, desligar madrugadas e, às 10 horas da manhã, não dizer nada ao sol, enfileirar as contas do dia no fio invisível da ternura. Poesia é isso: - estalos do papel frente a nossa caneta, lúdicos, contraditórios artistas de um circo imaginário. Acrescente depois um leitor sensível, um leitor distraído, um leitor esquecido que deixa o poema e se vai, contaminado de poesia, perguntando (ainda): O que é mesmo a poesia?
Fonte: Jornal Literário Letras Santiaguenses
Autora: Haydée S. Hostin Lima
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