Versos brancos e Versos livres

Este mês vimos á diferença entre versos livres e versos brancos. Sabem qual é?

Verso branco
Versos brancos são versos que possuem métrica, mas não utilizam rimas. Desde o século XVIII temos como exemplo o poema "O Uraguai" (1769) de Basílio da Gama e no século seguinte os românticos também o empregaram como Álvares de Azevedo e Fagundes Varela.
Vejamos um exemplo de Carlos Drummond de Andrade, primeira estrofe do poema "O Elefante":

Fabrico um elefante branco
de meus poucos recursos.
Um tanto de madeira podre
tirado a velhos móveis
talvez lhe dê apoio.
E o encho de algodão,
de paina, de doçura.
A cola vai fixar toda
suas orelhas pensas.
A tromba se enovela,
é a parte mais feliz
de sua arquitetura. (...)

(Em "A Rosa do Povo" ---1945---, livro de Carlos Drummond de Andrade, ao qual pertence o poema "O Elefante". Página 104. Editora Record, 2001. ISBN: 8501061360)

Verso livre
Versos livres , também chamados irregulares, em língua portuguesa definem-se como versos que não possuem restrição Métrica. Origina-se do francês vers libre, donde seu uso sistemático é chamado de versilibrismo. Sua definição, no entanto, feita em oposição ao verso regular, ou metrificado, é diferente nas diferentes tradições literárias, posto que a métrica é diferentemente abordada em cada uma delas.
História e Características
Utililizados largamente pelo modernismo, foram introduzidos na poesia através de antigas traduções, principalmente da Bíblia, em mais de uma língua. Posteriormente, alguns poetas, principalmente românticos alemães o usaram.
Observe-se, no entanto, que enquanto na tradição renascentista e francesa o sistema métrico do poema exigia um número exato de sílabas poéticas e acentos fixos em todos os versos, na tradição das línguas anglo-saxônicas o sistema métrico não era tão exato. Mesmo na língua portuguesa temos exemplos de cantigas desde o galego-português e também desde que houve a separação entre música e poesia, que variam metricamente em um verso ou outro. Não há, por exemplo, estranheza no fato de que, no século XIX, Emily Dickinson utilizasse versos, alternadamente, de 8 e de 6 sílabas poéticas em um poema, por exemplo.
Em 1855 começa o uso sistemático do verso livre, com o poeta norte-americano Walt Whitman, tendo Charles Baudelaire publicado um poema em verso livre em 1961. O introdutor do uso sistemático do verso livre na França foi o poeta Jules Laforgue, em 1880, também tradutor de Whitman. Sendo a França, mais especificamente Paris, o centro do mundo cultural na época, pode-se dizer que é a partir da sua incorporação à poesia francesa que o verso livre passa a ser visto como um recurso com grande potencial renovador, tornando-se constitutivo daquilo que costuma chamar-se de poesia moderna. Neste contexto do surgimento de um desejo de inovação da poesia e do seu próprio conceito, ele surge quase juntamente com o poema em prosa, introduzido pelos românticos e popularizado no período simbolista na França.
Ou seja, resumindo, o verso livre não se baseiam em critérios predefinidos, mas em decisões que o poeta toma intuitivamente ou em normas por ele criadas, podendo ter maior afinidade com a prosa. Normalmente utiliza o ritmo natural da fala, podendo, também, apresentar musicalidade.
Versos livres não devem ser confundidos com versos brancos.

Livro:Teoria da poesia Moderna

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