O que é uma Ode

Continuando nosso programa de criação literária, hoje falaremos a respeito da Ode. Mas, antes disso, relembraremos o que é poesia.
Poesia é sentimento, emoção, é a subjetividade, o Eu que se apresenta de maneira implícita ou não, por meio de figuras de linguagens como a metáfora na construção do poema que é a estrutura. 

Ode
Ode é um poema de estilo particularmente elevado e solene, elaboradamente estruturado, descrevendo intelectual e emocionalmente a natureza e o mundo. Entre os antigos gregos, poema lírico destinado ao canto, composto de estrofes de versos com medida igual, sempre de tom alegre e entusiástico.
O termo ode é de origem greco-latina e designa as composições poéticas destinadas a serem cantadas ou declamadas, com o acompanhamento de instrumentos musicais. Por isso, a ode pode se referir a qualquer tipo de canto, em suas variadas categorias: alegre, triste, fúnebre, religioso, bélico, mágico, hino.
Com o passar do tempo, porém, a ode adquire nova conceituação e passa a ser uma poesia rimada, abordando apenas temáticas consideradas nobres; começa a ser escrita em forma de dedicatória. A homenagem na ode é um pretexto para se narrar os sentimentos considerados sublimes, como a exaltação de pessoas importantes, e para celebrar ocasiões especiais, festividades, funerais ou eventos públicos.
As odes mais antigas que se tem registro são atribuídas à Safo, famosa poetisa grega. Suas composições são uma construção subjetiva dos próprios sentimentos. Outro compositor de destaque é Alceu que aborda em suas odes o modo de vida da cidade e as festas.


Um pouco da história da Ode:
Píndaro, um poeta grego antigo, inventou a ode. Seus poemas eram originalmente destinados a um acompanhamento musical e seguiam uma forma rígida. Um poema escrito nesse estilo é chamado de "ode pindárica". Os romanos são chamados de "odes horacianas", por homenagem ao poeta Horácio. Essas odes eram mais íntimas e pessoais do que as primeiras. Os poetas ingleses combinavam as duas formas mencionadas e incluíam inovações. Os poetas mais recentes tiveram mais liberdade em relação à forma e ao tema, o que permitiu a criação da "ode romântica". Esse tipo de poema é o mais emotivo e pessoal de todos.

Estrutura da Ode
Na poesia portuguesa, tradicionalmente, desde o Renascimento, a composição da ode vernácula foi realizada utilizando combinações de decassílabos e hexassílabos, de modo a imitar as curtas estrofes dos poemas horacianos, que utilizam geralmente 4 versos.

Historicamente, existem três tipos de odes tradicionais: pindáricas, horacianas e de língua inglesa (sendo as mais recentes chamadas de "românticas"). Essas categorias se referem ao estilo, período e país de origem. Em termos de estrutura, no entanto, estudiosos as dividem em pindáricas, horacianas e irregulares. Geralmente, as odes escritas em inglês são sinônimos de irregulares, embora alguns poetas escolham experimentar os dois primeiros tipos de estrutura.

Um exemplo de ode são os hinos nacionais dos países, em que os autores fazem uma homenagem à Pátria e aos seus símbolos e são acompanhados por instrumentos musicais.



ODE
Eu nunca fui dos que a um sexo o outro
No amor ou na amizade preferiram.
Por igual a beleza apeteço
Seja onde for, beleza.

Pousa a ave, olhando apenas a quem pousa
Pondo querer pousar antes do ramo;
Corre o rio onde encontra o seu retiro
E não onde é preciso.

Assim das diferenças me separo
E onde amo, porque o amo ou não amo,
Nem a inocência inata quando se ama
Julgo postergada nisto.

Não no objecto, no modo está o amor
Logo que a ame, a qualquer cousa amo.
meu amor nela não reside, mas
Em meu amor.

Os deuses que nos deram este rumo
Também deram a flor pra que a colhêssemos
com melhor amor talvez colhamos
O que pra usar buscamos.

Fernando Pessoa (Ricardo Reis)
 

Hino Nacional Brasileiro - Joaquim Osório Duque Estrada.

I
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos
Brilhou no céu da pátria nesse instante

Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte
Em teu seio, ó liberdade
Desafia o nosso peito a própria morte!

Ó Pátria amada
Idolatrada
Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce
Se em teu formoso céu, risonho e límpido
A imagem do Cruzeiro resplandece

Gigante pela própria natureza
És belo, és forte, impávido colosso
E o teu futuro espelha essa grandeza

Terra adorada
Entre outras mil
És tu, Brasil
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil
Pátria amada
Brasil!

II

Deitado eternamente em berço esplêndido
Ao som do mar e à luz do céu profundo
Fulguras, ó Brasil, florão da América
Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Do que a terra mais garrida
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores
Nossos bosques têm mais vida
Nossa vida, no teu seio, mais amores

Ó Pátria amada
Idolatrada
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado
E diga o verde-louro dessa flâmula
Paz no futuro e glória no passado

Mas, se ergues da justiça a clava forte
Verás que um filho teu não foge à luta
Nem teme, quem te adora, a própria morte

Terra adorada
Entre outras mil
És tu, Brasil
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil
Pátria amada
Brasil!



Para escrever sua Ode: 
-Escolher um tema, o propósito de uma ode é glorificar ou exaltar algo, então você deve escolher um assunto para a sua ode que você está animado sobre. 
-Pense em uma pessoa, lugar, coisa ou evento que você encontrar verdadeiramente maravilhoso e sobre o qual você tem muitas coisas positivas a dizer, embora ele também pode ser uma diversão e exercício desafiador para escrever uma ode sobre algo que você realmente não gosta ou ódio! 
-Pense em como seu assunto faz você se sentir e anotar alguns adjetivos. 
-Pense sobre o que o torna especial ou exclusivo. 
-Considere a sua conexão pessoal com o assunto e como isso tem impactado você. 
-Anote algumas palavras descritivas que você pode usar. 
-Quais são algumas qualidades específicas do seu assunto?


Referência:
LADEIRA, Ana. Ode. E-Dicionário de termos literários de Carlos Ceia. Disponível em: <http://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/ode/>
SARAIVA, LOPES, António José, Óscar (2017). História da Literatura Portuguesa. Lisboa: Porto Editora


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