Antero de Quental

Antero de Quental (1842-1891) foi um poeta e filósofo português. Foi um verdadeiro líder intelectual do Realismo em Portugal. Dedicou-se à reflexão dos grandes problemas filosóficos e sociais de seu tempo, contribuindo para a implantação das ideias renovadoras da geração de 1870.

Em “Odes Modernas”, Antero rompe com toda a poesia tradicional portuguesa, onde são banidos o romantismo, o sentimentalismo e a religiosidade lírica, e surgem, com força, as ideias de liberdade e justiça. Os poemas foram criticados pelo poeta romântico Antônio Feliciano de Castilho, que acusa Antero de exibicionismo, obscuridade e de abordar temas que nada tinham a ver com a poesia. Antero de Quental responde a crítica em uma carta aberta a Castilho, intitulada Bom senso e bom gosto, na qual Castilho é acusado de obscurantismo.

Antero defende a liberdade de pensamento e a independência dos novos escritores. Ataca o academismo e a decadente literatura romântica e prega a renovação. Nascia assim a “Questão Coimbrã”, como ficou conhecida essa polêmica que passou a ser o marco divisor entre o Romantismo e o Realismo.

Poema retirado do livro Odes Modernas - Antero de Quental


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Realismo
O realismo foi um movimento artístico e literário surgido nas últimas décadas do século XIX na Europa, mais especificamente na França, em reação ao romantismo. Entre 1850 e 1900 o movimento cultural, chamado realismo, predominou na França e se estendeu pela Europa e outros continentes.

Paralelismo com o romantismo
Embora alguns manuais de literatura estabeleçam uma grande ruptura entre as propostas estéticas do romantismo e do realismo, acredita-se que é possível considerar que há um momento de continuidade entre esses dois importantes momentos na história da literatura. O romantismo conquistou o direito de registrar e debater os grandes momentos da história nacional dos países que floresceu; o realismo, a seu modo, amplificou esse interesse e trouxe a reflexão sobre a realidade social e política para o centro das narrativas.

RomantismoRealismo
Pessoaprimeiraterceira
Valorizao que se idealiza e senteo que se é


O termo realismo foi empregado pela primeira vez em 1850 para descrever um novo estilo de pintura e logo se difundiu na literatura. Os realistas literárias de meados do século XIX, foram distinguidos pela sua rejeição deliberada do romantismo. Os realistas literários queriam lidar com personagens comuns da vida real, em vez de heróis românticos em ambientes incomuns. Eles também procuraram evitar línguas floridas e sentimentais por meio de observação cuidadosa e descrição precisa e abordagem que os levaram a rejeitar a poesia em favor de prosa e romance. Realistas muitas vezes combinavam seu interesse na vida cotidiana com uma análise na busca de questões sociais.

Principais escritores do Realismo
Gustave Flaubert (1821 – 1880)
Charles Dickens (1812 – 1870) 
Eça de Queiroz (1845 – 1900) 
Guy de Maupassant (1850 – 1893) 
Machado de Assis (1839 – 1908) 
Raul Pompeia (1863 – 1895)
Artur de Azevedo (1855 – 1908) 
Aluísio de Azevedo (1857 – 1913)

Os artistas e escritores realistas estavam preocupados em apresentar uma realidade contemporânea segundo a veracidade dos fatos. Por esse motivo, a grande preocupação estava voltada para o presente. Logo, o foco principal era analisar, compreender, criticar e transformar essa realidade.


Poema realista - Exemplo

AUTOPSICOGRAFIA - Fernando Pessoa
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.


Soneto de Fidelidade - Vinicius de Morais
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


As principais características do realismo literário estão relacionadas com a capacidade de demostrar a realidade da maneira mais verossímil possível. São elas:
- Oposição aos ideais românticos
- Retrato fidedigno da realidade
- Busca do objetivismo
- Cientificismo e materialismo
- Veracidade e contemporaneidade
- Linguagem descritiva e detalhada
- Temas urbanos, sociais e cotidianos
- Crítica aos valores burgueses e instituições sociais
- Denúncia social
- Personagens comuns e não idealizados
- Aprofundamento psicológico das personagens
- Romances de caráter documental

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Referências:Batchelor, David; Fer, Briony; Wood, Paul. Realismo, racionalismo, surrealismo-praticas e Debat, Volume 3. Editora Cosac Naify, 1998.

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