Poesias de cordel

Continuando com nossa programação para o mês de  Outubro, começamos a poesia de cordel, que é  um gênero literário feito em versos com métrica e rima e caracterizado pela oralidade e por uma linguagem informal. Também chamada de literatura popular em verso, essa tradição se popularizou no final do século XIX, quando tais poesias passaram a ser impressas em folhetos e vendidas em feiras.

O nome “cordel” faz referência às cordas onde os folhetos ficavam expostos. Seu formato foi inspirado nos cordéis lusitanos, trazidos ao Brasil pelos colonizadores portugueses. Os temas das poesias de cordel trazem elementos da realidade sertaneja, tratam das questões sociais e políticas e também servem como fonte de informação para o povo nordestino.


O que é Cordel?

Cordel são folhetos contendo poemas populares, expostos para venda pendurados em cordas ou cordéis, o que deu origem ao nome. Os poemas de cordel são escritos em forma de rima e alguns são ilustrados.
Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores.

Cordel também é a divulgação da arte, das tradições populares e dos autores locais e é de inestimável importância na manutenção das identidades locais e das tradições literárias regionais, contribuindo para a perpetuação do folclore brasileiro.

Características da literatura de cordel
Os poemas falados e escritos em folhetos pelos cordelistas, têm como principais características:
- Relato de temas populares;
- Utilização de linguagem informal (coloquial);
- Utilização de métricas e rimas;
- Oralidade e musicalidade;
- Utilização de humor, ironia e sarcasmo;
- Retratam os costumes locais.


Repente e literatura de cordel
O repente e a literatura de cordel são expressões populares nordestinas que compartilham de algumas semelhanças, porém diferem na maneira como são elaborados. Na literatura de cordel, as poesias são escritas em folhetos e costumam também ser faladas. São elaboradas pelos cordelistas individualmente, que trabalham em seu texto até que o mesmo esteja pronto para ser apresentado ao público.

O repente também são criações em verso, mas são apresentadas essencialmente de maneira oral elaboradas de forma improvisada pelos repentistas. Os versos de repente costumam ser falados e cantados ao som de um violão.

Hoje, a literatura de cordel é reconhecida como patrimônio cultural imaterial, tendo até mesmo uma Academia Brasileira de Literatura de Cordel.

Além do Nordeste, atualmente a literatura de cordel pode ser encontrada no Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Ela pode ser adquirida em feiras culturais, casas de cultura, livrarias e nas apresentações dos cordelistas. Também pode ser encontrada na internet. Apesar do avanço da tecnologia, a literatura de cordel é escrita e divulgada nas redes sociais pelos seus criadores.


Parcela ou Verso de quatro sílabas

A parcela ou verso de quatro sílabas é o mais curto conhecido na literatura de cordel. A própria palavra não pode ser longa do contrário ela sozinha ultrapassaria os limites da métrica e o verso sairia de pé quebrado. A literatura de cordel por ser lida e ou cantada é muito exigente com questão da métrica. Vejamos uma estrofe de versos de quatro sílabas, ou parcela.


Eu sou judeu
para o duelo
cantar martelo
queria eu
o pau bateu
subiu poeira
aqui na feira
não fica gente
queimo a semente
da bananeira.

Você se anima a enviar sua poesia com esta métrica?
Escreva para nós:
letrasnojardim@gmail.com



Referências:
Academia Brasileira de Literatura de Cordel
http://www.ablc.com.br/o-cordel/metricas-2/      visitada em 03/10/2020
Verucci Domingos de Almeida (2012). «Afinal, o que é literatura de cordel? - parte 1». Editora Escala. Conhecimento Prático Literatura (54) 

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